quinta-feira, 8 de setembro de 2011

astecas

Astecas – História
Se se acreditar nos contos tradicionais da América Central, os Astecas, ou Mexicas, povo de língua nahuatl, eram originários de uma região desconhecida e de localização incerta: Aztlán, algures naquilo que é hoje o México. Ali se teriam estabelecido por volta do século II da era cristã. Mil anos depois, irradiariam para o sul do México, estabelecendo-se durante mais de cem anos em Tula, a capital dos Toltecas. Entretanto, por volta do século XIV, ocupam a região da actual cidade do México, submetendo-se aos reinos que então aí existiam. Os astecas, porém, cerca de 1325 (ou 1345) fundam a cidade de Tenochtitlán (ou México), capital do seu futuro reino, cujo primeiro soberano foi Acamapichtili. Em 1428-29, dá-se uma aliança política entre essa cidade e as de Texcoco e Tlacopan, que depois se unem as três na sequência da queda da dinastia Tepaneca que dominava há muito a região da actual Cidade do México.
O soberano asteca, entretanto, assume as funções de comando dos respectivos exércitos confederados, o que proporcionou uma gradual ascensão do seu povo e o domínio efectivo sobre os outros dois. No entanto, a unidade não se desfizera, actuando como um bloco, principalmente no plano militar: depois de dominar os povos vizinhos, os aliados empreendem a conquista de terra fora da região do México. Por isso, em meados do século XVI dominavam já um vasto território, atingindo a costa do Golfo do México e o litoral do Pacífico (na região actual de Guerrero), atingindo, a sul, o istmo de Tehuantepec. Os soberanos de Tenochtitlán foram decisivos neste processo de conquistas, destacando-se Moctezuma I e Axayacatl, cujo filho, Moctezuma II, ficou célebre por ter resistido aos conquistadores espanhóis comandados por Hernán Cortez, que tomou Tenochtitlán e acabou por matar o referido monarca. Todavia, o filho e o sobrinho de Moctezuma II, respectivamente Cuitlahuac e Cuauhtémoc, tentaram resistir aos espanhóis, embora fracassando. Cuauhtémoc foi o último imperador asteca, tendo sido deposto em 1525.
Organização social e política
Originariamente igualitária, dividida em clãs (calpulli) a sociedade asteca transformou-se gradualmente devido a diferenças e choques entre a nobreza e o povo, surgindo também novos grupos sociais (mercadores, funcionários, artesãos) detentores de grandes privilégios. Os comerciantes tinham mesmo uma função de espionagem nos territórios exteriores onde comerciavam. Abaixo destes estratos, estavam as gentes comuns (macehualtin), cidadãos livres sujeitos a tributos e corveias. Na base estavam os camponeses sem terras (mayeques), e os escravos, que tinham alguns direitos, como a posse de terras ou o casamento com cidadãos livres. Por oposição, no topo estava o tlaotani, chefe político, militar e talvez religioso, personagem que durante o reinado de Moctezuma II deteve imenso poder. Abaixo deste, estava o cihuacoatl, primeiro-ministro e juiz supremo, comandante militar e regente na ausência do tlaotani. O poder executivo era composto por quatro conselheiros eleitos ao mesmo tempo que o soberano. Existiam ainda os chefes detentores de títulos, terras e cargos, a nobreza. A sociedade asteca não era fechada, pois a guerra, elemento muito importante nesta civilização, era uma forma de se poder obter honras e distinções.
A formação dos futuros cidadãos era feita em dois tipos de escolas: o telpochcalli, onde as crianças aprendiam as artes da guerra; o calmecac, para o ensino da religião e das artes. O primeiro provavelmente terá servido os cidadãos livres do povo, o segundo para a nobreza.
Economia
A principal actividade era a agricultura, desenvolvida e produtiva, baseada no cultivo de milho e legumes, como o tomate ou os pimentos. Os astecas cultivavam “jardins flutuantes” na laguna do México, junto a Tenochtitlán, autênticas maravilhas da técnica agrária. Criavam perus e também cães, de que apreciavam imenso a companhia e a… carne. O comércio era muito desenvolvido entre os astecas, trocando manufacturas da sua capital por produtos como o jade, o cacau, o algodão, metais preciosos e plumas de aves das regiões tropicais. Para além da riqueza amealhada no comércio, arrecadavam somas consideráveis nos tributos das trinta e oito províncias do império.
Religião

Máscara Asteca
Era uma civilização politeísta e prestava grande importância a cada momento da vida humana, o que explica o grande poder dos sacerdotes astecas, reguladores das forças naturais. Entre os seus deuses, destacam-se Huitzilopochtili, deus da Noite e da Guerra, rival de Quetzalcoátl, o grande deus da civilização asteca; Tlaloc, deus da Chuva; Chalchiuhtlicue, sua companheira; e Tlazolteotl, deusa do Amor. Os astecas ofereciam sacrifícios rituais aos deuses, às vezes humanos (e até canibalismo ritual), muitos deles cativos de guerra. Os astecas acreditavam que o destino do homem no além dependia da forma como morria: os guerreiros, quando mortos em combate, acompanhavam o sol até ao seu zénite. Davam imensa importância ao futuro, que se “previa” segundo a adivinhação através de um calendário de 260 dias, sendo uma tarefa dos sacerdotes, que a desempenhavam em dias festivos ou em grandes acontecimentos públicos. A astronomia asteca, apoiada no culto solar, atingiu desenvolvimentos e graus de conhecimento extremamente avançados.
Arquitectura e artes plásticas
Pouco restando da sua arquitectura, os astecas construíram obras monumentais, destruídas posteriormente pelos conquistadores espanhóis. Inspirava-se na arte Tolteca e de Teotihuácan, bem como no estilo huáxteca, embora tivesse elementos originais. Os templos eram imponentes, bem como as pirâmides, ladeadas de outras construções. A capital, Tenochtitlán, terá sido um conjunto arquitectónico impressionante até à sua destruição pelos espanhóis. As estátuas e baixos-relevos são também identificativas da arte asteca, com particular destaque as composições de carácter religioso, como a estátua gigante da deusa Coatlicue, ou o célebre e enorme calendário solar. A ourivesaria e as plumagens eram expressões artísticas de grande importância entre os astecas, bem como as máscaras e as peças de joalharia. Os templos e palácios eram, como no Egipto, ornados de frescos e inscrições hieroglíficas consteladas de coloridas ilustrações. Todo este património móvel e imóvel foi pilhado e arrasado pelos espanhóis depois de 1525.

Praça das três culturas (ruínas do Império Asteca), Cidade do México
Literatura
O grande instrumento da literatura asteca era a sua língua, o nahuátl, que tinha uma forma de escrita que depois foi decifrada e transcrita pelos espanhóis, que ainda assim destruíram muitos manuscritos desta civilização. Os textos que chegaram até nós foram transmitidos pelos missionários, que recolheram e transcreveram as tradições nahuátl pré-colombianas (por exemplo, os códices Borbonicus, Tonamatl ou Mendoza). Os principais temas eram os religiosos, rituais, mitológicos, históricos ou genealógicos. Quanto à forma, a poesia foi o género mais cultivado, muitas vezes associada à música ou à dança. Com o canto (de guerra, divino ou florido) e as coreografias, cada palavra dos poemas ficou gravada na memória dos dançarinos e do seu povo, o que fez com que esse património artístico asteca perdurasse até hoje. A prosa era também cultivada, principalmente a retórica – de carácter moralista ou educativo – e a narrativa histórica, as lendas e as genealogias, fontes preciosas de informação sobre a civilização asteca. A tradição literária asteca manteve-se ao longo da dominação espanhola, mesmo na língua dos conquistadores.

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